01/07/2013

PEC das domésticas revela nicho para prestador de serviço

A lei que ampliou os direitos dos trabalhadores domésticos alavancou os negócios das empresas que prestam serviços on-line para empregadores. Os sites calculam salário, benefícios e horas extras. Também permitem a impressão de guias para o recolhimento de INSS (Previdência Social), Imposto de Renda e FGTS, além de gerar folhas de ponto, recibos para décimo terceiro e férias.

Com a nova legislação, conhecida como PEC das Domésticas, o número de clientes de algumas empresas passou de 140, em abril, para dois mil contratos em junho. A maioria das pessoas que procura os serviços é de casais com filhos, com renda mensal média de R$ 5,5 mil e ensino superior completo. Há planos de expansão dos serviços virtuais para mais capitais e criação de novas facilidades, como um sistema de ponto pelo celular.

Resultado de um investimento de R$ 8 milhões, a Pagga Domésticos, com 60 funcionários, promete facilitar o cumprimento da nova norma. "Basta que o empregador cadastre seus dados e dos empregados no site para ter acesso a uma folha de pagamento que calcula salários, horas extras, benefícios e encargos trabalhistas", afirma o CEO Armando Ribeiro.

A ferramenta gera o contrato, o extrato para a anotação na carteira de trabalho e a folha de ponto. O cliente pode ainda comprar cartões de vale-transporte e alimentação. "O usuário paga 6% do valor das movimentações realizadas no sistema", explica Ribeiro, que atua no mercado de benefícios há quase 20 anos.

Antes de fundar o negócio em abril, junto com o sócio Milton Eliseu, Ribeiro foi um dos responsáveis pela criação da Smart Benefícios, comprada em 2008 pela Visa Vale (hoje Alelo). "Identificamos uma oportunidade para um serviço que oferecesse a gestão completa de pagamentos para os domésticos", diz.

"A plataforma, em desenvolvimento há três anos, ficou pronta justamente nesse momento de transformação do setor."

Em dois meses, o site recebeu 65 mil visitas. Tem quatro mil empregadores cadastrados e 650 clientes ativos. Segundo Ribeiro, há cerca de 7,2 milhões de empregados domésticos no país e apenas cerca de 20% deles têm registro em carteira. "A expectativa é de mais crescimento, depois da regulamentação da PEC das Domésticas", afirma o sócio.

No segundo semestre, a Pagga Domésticos deve investir mais de R$ 2 milhões no serviço. Há planos para ampliar a oferta de cartões de vale-transporte nas principais regiões do país, com a consulta automática da rota feita pelo empregado, além de oferecer assistência médica, odontológica e seguros, a partir de 2014. A meta é cobrir 100 mil trabalhadores, em 18 meses.

Na Webhome, em operação há dois meses, o número de clientes passou de 140, em abril, para dois mil contratos em junho. O objetivo é finalizar 2013 com dez mil usuários.

Para isso, foram criadas promoções para engordar a carteira. "O serviço para o primeiro funcionário cadastrado é gratuito e o usuário paga R$ 20 ao mês, por empregado, a partir do segundo", explica o sócio da empresa João Pedro Tonini.

A Webhome criou ainda uma bonificação para quem indicar amigos para o site. A cada cinco contatos cadastrados, o usuário ganha um bônus que dá direito a uma isenção de pagamento de um funcionário. Segundo Tonini, a maioria dos clientes é de famílias das classes A e B.

No portal Doméstica Legal, criado em 2004, os principais usuários são casais com filhos, com renda mensal mínima de R$ 5,5 mil e ensino superior completo, de acordo com o presidente Mário Avelino. Uma das principais finalidades das empresas do ramo, segundo ele, é auxiliar os patrões a cumprirem as obrigações e evitar o risco de ações trabalhistas. "O assinante também pode nos consultar para tirar dúvidas jurídicas."

Com sede no Rio de Janeiro, a empresa tem 32 mil clientes cadastrados e 7,8 mil ativos. "Nos últimos dois meses, a venda de assinaturas semanais quase triplicou", diz Avelino, há 27 anos no setor de folha de pagamento.

O Doméstica Legal tem ofertas a partir de R$ 9 ao mês, com número ilimitado de empregados. Em 2012, faturou cerca de R$ 600 mil e a expectativa para 2013 é duplicar o faturamento.

Nesta semana, lançou um sistema para diaristas e, em agosto, apresenta um ponto eletrônico via smartphone, com banco de horas. "Vamos abrir filiais em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre para dar atendimento presencial aos empregadores", afirma Avelino.

De olho na movimentação do mercado, a carioca B4H Serviços em Computação desenvolveu em maio o aplicativo para celulares Ponto Doméstica. Até agora, tem 600 clientes. A solução é gratuita, mas a empresa espera fazer receita com anunciantes em um site criado para apoiar a ferramenta. "O empregador se cadastra no endereço eletrônico e pode visualizar e imprimir o cartão de ponto", explica o CEO Kiko Pereira, ex-professor universitário da área de computação.

O programa permite ainda gerenciar a data, hora e a localização geográfica onde o ponto foi "batido". "Essa função é útil para os empregadores que trabalham fora." Segundo Pereira, 60% dos clientes da facilidade são do sexo masculino, 98% possuem uma doméstica e 92% dos usuários moram nas regiões Sul e Sudeste do país.

Fonte: Valor Econômico