05/04/2012

Empresários criticam mudanças no ponto eletrônico

O funcionário usa a digital ou passa o crachá e, além do registro eletrônico das entradas e saídas que fica com a empresa, tem direito ao comprovante impresso. Para o Ministério do Trabalho, uma forma de evitar fraudes no pagamento das horas trabalhadas. Para especialistas, uma burocracia que encarece os custos das empresas.

“Esse equipamento é caro, caro demais. Vai ter que ter consultorias, técnicos, manutenção. É um desperdício criminoso com relação ao custo disso pelo país todo”, disse o advogado da Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse) Percival Maricato.

“A estimativa é de que nós teremos que comprar mais de um milhão de maquinas de ponto eletrônico. Um custo total próximo de R$ 6 bilhões no momento em que nós estamos trabalhando pra dar mais eficiência e reduzir os custos das empresas”, disse o presidente do CNI, Robson Braga de Andrade.

Depois de cinco adiamentos, o novo sistema entrou em vigor nesta segunda-feira (2). As empresas que devem usar e não usam podem ser multadas e as que já implantaram o ponto impresso têm os seus problemas.

Um centro de compras, na Zona Sul de São Paulo, reúne mais de mil trabalhadores, entre terceirizados e empregados das lojas. Só 38 são funcionários do shopping e usam o ponto impresso. Cristiane junta pelo menos quatro papeiznhos por dia. Mais de mil por ano. “Acaba acumulando papel, quando chega uma hora que você pega os papeizinhos e coloca em um clips”, diz a assistente financeira Cristiane de Caires.

O sistema no shopping foi implantado há quase um ano e meio. Custou R$ 8 mil. A manutenção leva R$ 400 por mês, mas o gasto sobe muito com os consertos. O computador, que recebe as informações do relógio de ponto, estava com problema recentemente.

“São R$ 270 quando você chama o técnico. Pelas informações que tive da gerência operacional, nesses 18 meses de shopping, já chamei 10 vezes”, diz o superintendente do local Marco Antonio Ferreira.

Empresas das áreas de serviço, varejo e indústria com mais de 10 funcionários que já tinham o ponto eletrônico devem usar o ponto impresso. Mas representantes dos empregadores ainda tentam derrubar a exigência no Congresso. “Tem uma proposta de rejeição do ponto eletrônico no Congresso, já votada e aprovada pela comissão e agora tem que ir a plenário. Essa é uma alternativa muito factível para que esse ponto não seja implantado no Brasil”, diz o presidente do CNI.

A assessoria do Ministério do Trabalho informou que, nos primeiros três meses, as empresas que optaram pelo ponto eletrônico não serão multadas, mas em uma segunda inspeção, as que não tiverem se adequado serão autuadas e estarão sujeitas à multa de até $ 4 mil. O ministério lembra ainda que a empresa pode voltar para o sistema antigo da folha de ponto.

Fonte: G1